[Vídeo] Porque Bolsonaro e seus sustentadores se agarram desesperadamente em mostrar serviço em relação ao crime ambiental da Vale do Rio Doce em Brumadinho

Este vídeo está correndo o mundo e o Brasil e solicito que você assista com atenção, acompanhe as graves denúncias e se puder compartilhe intensamente. Ele vai te fazer entender porque Bolsonaro e seus sustentadores se agarram desesperadamente em mostrar serviço em relação ao crime ambiental da Vale do Rio Doce em Brumadinho, em fomentar a crise na Venezuela e continuar atacando o PT e as esquerdas. Greenwald é jornalista extremamente respeitável e foi ele que mostrou em brilhante reportagem o escândalo das interceptações de escutas telefônicas de presidentes e primeiros ministros do mundo inteiro pelo Departamento de Estado dos EUA.

Bloqueio de perfil de jornalista por Bolsonaro fere a liberdade de expressão?

Bolsonaro bloqueia jornalista do The Intercept no Twitter

Perfil do novo presidente na rede social tem caráter privado ou público?

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) bloqueou, no dia 22/12, a conta do Twitter do jornalista e editor-executivo do site de reportagem “The Intercept”, Leandro Demori. Além disso, outros jornalistas do mesmo site afirmam que também foram bloqueados pelo presidente da República.

A ferramenta de bloqueio, disponibilizada pelo Twitter, impede que um usuário bloqueado acesse e realize algum tipo de interação, comentário, compartilhamento de publicações e até mesmo a leitura das informações disponíveis no perfil, enquanto estiver logado.

No caso do presidente da República, a conta utilizada para bloquear os jornalistas foi o seu perfil oficial “Jair M. Bolsonaro“. A página possui quase três milhões de seguidores e é utilizada pelo presidente para notificar suas ações e planos de governo. Além disso, o presidente também pública fotos e vídeos de suas viagens, críticas de matérias jornalísticas e compartilha publicações dos perfis de seus filhos.

Bolsonaro, até o momento, adotou a rede social de maneira semelhante à que o presidente norte-americano Donald Trump tem feito desde que assumiu o cargo, em 2017. Trump também utiliza sua conta do Twitter para informar sobre suas ações governamentais.

Trump, em maio de 2018, foi obrigado a desbloquear sete perfis de seu Twitter após decisão da juíza Naomi Reice. O processo foi impetrado pelo Knight First Amendment Institute, instituição de defesa da liberdade de expressão associada à Universidade Columbia.

Para a juíza, a conta do presidente norte-americano representa um “fórum público”. Por isso, bloquear o acesso de perfis, com base somente em críticas políticas contrárias à visão do presidente, é “contra o princípio da Primeira Emenda” (First Amendment) americana, que garante o exercício da liberdade de expressão e imprensa.

O caso exige a consideração se uma pessoa pública pode, de acordo com a Primeira Emenda, bloquear outra pessoa no Twitter em resposta ao pensamento político expressado e se a análise do caso deve ser diferenciada porque a pessoa pública é o presidente da República. A reposta para ambas as perguntas é ‘não’
explicou a juíza em sua decisão.

No caso de Bolsonaro, após bloquear a conta do jornalista do site “The Intercept”, o presidente publicou um texto, no próprio Twitter, de justificativa da ação:

Tem gente chorando porque vem mentir e ofender e ninguém é obrigado a conviver com isso. É uma satisfação ler comentários e críticas que agregam. A ofensa e a mentira podem continuar em todos estes perfis pessoais, portanto a resposta sempre será dada. Simples!.

JusBrasil

 

Lições de como enfrentar Bolsonaro e a extrema-direita sem fortalecê-los

Extrema-direita brasileira

No último debate presidencial, o jornalista Reinaldo Azevedo fez uma pergunta bastante simples sobre dívida interna para Bolsonaro, mas que o fez perder o chão. Durante o minuto de resposta, o candidato ficou tenso como se estivesse acabado de ficar nu diante de todo o país. O mito da força e da ordem derreteu ao vivo e se transformou em um garotinho assustado, com olhar vazio. Ficou perdido como o meme do John Travolta. Foi possível enxergar em seu semblante “sofrimento interior”, ‘desequilíbrio emocional” e “angústia”— os mesmos sentimentos que o acometeram quando o deputado do PSB carioca Carlos Minc o chamou de machista, homofóbico e racista, como consta no processo que abriu contra o ex-ministro.

Entre um silêncio interminável e outro, falou qualquer coisa que lhe veio à cabeça, sem nenhuma conexão com a pergunta, e apresentou soluções constrangedoramente infantis como: “fazer com que empregados e patrões sejam amigos, e não inimigos”. Escolhido para comentar a resposta, Ciro Gomes teve a chance de escancarar ainda mais o despreparo de um candidato minúsculo, mas preferiu ser cortês, talvez para não parecer arrogante aos olhos do eleitor. Se uma pergunta trivial sobre economia causou todo esse estrago no emocional de Bolsonaro, não é difícil imaginar como seria o seu comportamento na hora de tomar grandes decisões, administrar conflitos e atender demandas complexas de uma sociedade que passa por crises de toda ordem.

O avanço recente da extrema-direita no mundo tem suscitado discussões sobre como os líderes políticos que emergem desse espectro devem ser abordados. Nos EUA, Europa e agora no Brasil, jornalistas tentam descobrir a melhor maneira de entrevistá-los sem oferecer palanque para suas propostas antidemocráticas. A experiência americana com Trump indica que confrontar os absurdos racistas e homofóbicos, por exemplo, não funciona e só ajuda a alimentar a fúria dos seus seguidores. Primeiro porque o confronto em si é uma das principais estratégias da extrema-direita, que busca a briga com a imprensa a todo custo para poder posar de vítima perseguida pelo establishment. Segundo porque todo extremista é, via de regra, intelectualmente limitado e se perde ao ser convocado a falar sobre temas que estão fora da sua caixinha moralista.

Há uma tendência da imprensa mundial em querer apontar os absurdos dos extremistas, mas são exatamente esses mesmos absurdos que têm aumentado os seus capitais políticos. Grandes temas fundamentais acabam ficando em segundo plano, o que não acontece com políticos não extremistas.

Uma pergunta banal de Reinaldo Azevedo revelou a fragilidade do Bolsonaro, coisa que a bancada inteira do Roda Viva não conseguiu em horas de entrevista. Os entrevistadores do programa da TV Cultura se focaram nos mais famosos episódios de agressividade e preconceito do candidato, o que o fez nadar de braçada. É justamente por causa desses episódios que o candidato está onde está. Reforçá-los não ajuda em nada.

No ano passado, o partido alemão de extrema-direita AfD conquistou seus primeiros assentos no parlamento explorando um sentimento anti-refugiados de parte da sociedade alemã. Há duas semanas, Alexander Gauland, dirigente do partido, participou de uma entrevista atípica na televisão. O jornalista Thomas Walde da ZDF conduziu o programa sem em nenhum momento tocar no tema dos refugiados, a principal bandeira do partido. Durante 19 minutos, o extremista se viu obrigado a tratar de assuntos que estão fora da sua zona de conforto, como previdência, mudanças climáticas e digitalização — temas muito mais relevantes para a Alemanha do que a questão dos refugiados. O desempenho de Gauland foi péssimo.

A jornalista americana Emily Schultheis, que atualmente mora em Berlim, escreveu um artigo para o The Atlantic citando essa entrevista e analisando as dificuldades que a mídia internacional tem encontrado ao lidar com extremistas de direita: “A mídia alemã (e europeia) tem sido criticada por dar um enfoque sensacionalista nas questões de refugiados e migração. O constante foco da mídia nessas questões ajuda a mantê-las na mente das pessoas, mesmo depois que o fluxo de refugiados tenha diminuído de forma significativa”.

Quando perguntado sobre a fala de um correligionário que propôs uma “mudança no sistema previdenciário”, Gauland se limitou a dizer que o “partido ainda está discutindo” e que não há “nenhum conceito determinado”. O jornalista insistiu no tema e perguntou se o partido não tinha, de fato, uma proposta para as aposentadorias. O líder extremista respondeu que “agora, não”, mas que apresentaria uma após a próxima reunião do partido.

Em outra pergunta, Walde se referiu à retórica nacionalista que prega a proteção do povo alemão (e que geralmente explora a perda de empregos para imigrantes) e perguntou sobre como os locatários locais serão protegidos das grandes empresas internacionais de locação como o Airbnb, que fizeram os aluguéis em Berlim dispararem. Mais uma resposta melancólica: “Não posso lhe dar uma resposta no momento. Isso não foi votado no programa do partido”.

Sobre a digitalização — tema importante na Alemanha, já que o país tem uma infraestrutura digital bastante precária em relação a outros países europeus —, a resposta seguiu o padrão vergonhoso das anteriores.  “Eu não posso explicar isso. Você precisa perguntar a um deputado”, acrescentando que ele próprio não tem “nenhuma familiaridade com a internet”.

Depois da entrevista, Gauland sentiu o golpe e resmungou publicamente. Disse que o jornalista foi “excessivamente tendencioso” e “absolutamente anti-jornalístico”. As perguntas simples e técnicas irritaram também o exército de militantes virtuais de extrema-direita, que atacaram o jornalista alemão em suas redes sociais — exatamente o que o fã-clube de Bolsonaro fez com Reinaldo Azevedo.

No mês passado, Luciano Caramori, um redator publicitário com experiência em campanhas eleitorais, escreveu uma série de tweetspropondo um modo de como abordar Bolsonaro. Trata-se basicamente da mesma estratégia utilizada por Azevedo e por Walde.

Por mais absurdo que seja, os comportamentos RACISTA, HOMOFÓBICO, VIOLENTO do candidato não me parecem os melhores argumentos contra ele. Infelizmente, existe uma tendência mundial em relevar essas atitudes. O que interessa é SEGURANÇA, EMPREGO, SAÚDE. O argumento que ele não fez NADA pela segurança do Rio de Janeiro em 30 anos de mandato vai ser mais eficaz do que comentar que ele espancaria o próprio filho se fosse gay

Essa deve ser a postura dos jornalistas ao abordar não só Bolsonaro, mas todos os candidatos de extrema-direita que têm pipocado por aí. Questões básicas e técnicas sobre segurança, economia e saúde, que demandam respostas complexas, são as principais armas contra o extremismo. Políticos que exaltam a ditadura militar e propõem que fazendeiros se armem com fuzis e tanques de guerra, por exemplo, devem ser confrontados com perguntas técnicas sobre segurança pública, sem ter espaço para o proselitismo ideológico de sempre. É só oferecer a corda que o extremista se enforca sozinho.

Depois de ter sido nocauteado por uma pergunta simples e, temendo que o fato se repita nos debates, Bolsonaro anunciou que é melhor já ir se acostumando com sua possível ausência nos próximos. O presidente do PSL justificou dizendo que seu candidato é diferente, que não apresenta soluções fáceis, “mas novos direcionamentos para um Brasil, que está sofrendo com a esquerdopatia que está aí há mais de duas décadas”. Apelou até para a convocação do comunismo imaginário para justificar a fuga do seu Dom Quixote.

O fato de Bolsonaro não ter a mínima noção dos problemas básicos que poderá vir a enfrentar como presidente deve ser cada vez mais exposto. Ele está há quase 30 anos na vida pública parlamentar sem ter feito nada de relevante — nem em favor de suas odiosas bandeiras, diga-se — e até hoje não adquiriu a mínima noção de economia. O povo quer emprego, segurança e comida na mesa, e para isso é preciso que fique claro que o polemismo por si só não resolverá essas questões.

Que Bolsonaro continue pregando para convertidos apenas em suas bolhas nas redes sociais. Quando sair delas, deve ser confrontado com questões técnicas e práticas do mundo real. Não dá pra ser presidente de um país em profunda crise econômica cumprindo exclusivamente o papel de guardinha da moral e dos bons costumes, enquanto na economia cumpre o de fantoche. Não se governa um país do posto Ipiranga.

The Intercept