Defendendo a terra e o território, construção de uma nova civilização e lutando por nosso futuro

Defendendo a terra e o território por nosso futuro

La Via Campesina e a Campanha Global pela Reforma Agrária com Serikat Petani Indonésia (Indonesian Camponês União) como host local estão actualmente em um seminário internacional e seminário “Reforma Agrária e da Defesa da Terra e Território no século 21: O Desafio e Futuro” de 10-14 julho de 2012 em Bukittinggi, West Sumatra, na Indonésia.

Esta reunião de estratégia internacional está acontecendo em um momento de uma recessão global, a pior desde a depressão global na década de 1930. As múltiplas crises de alimentos, empregos, modo de vida, clima, biodiversidade, energia e finanças, juntamente com os números impressionantes da destruição agravamento da pobreza, desigualdade, fome e meio ambiente todos os stand testemunho da destruição que o capitalismo e as políticas neoliberais tem feito.

E agora, há 1 bilhão de pessoas vivem com fome, a maioria dos quais vivem na Ásia. Este aumento na fome pode ser correlacionada com o aumento drástico nos preços dos alimentos, tornando ele mesmo mais difícil para pessoas, especialmente aqueles vida em pobreza, para dar alimento para se e seu famílias. Mais importante no entanto, o agravamento fome lata ser ligado para o expansão deo industrial agrícola desenvolvimento, que promove mono culturas e maciço terra agarrando. Terra agarrando é atualmente um global fenômeno, levou por local, nacional e transnacional elites, corporações e investidores com o conluio de alguns governos, com o visar decontrole o mundo remanescente e a maioria precioso recursos. O Mundo Banco e regional desenvolvimento bancos são também facilitando estes terra e recurso grabs através seu políticas.

Por causa das crises globais, assumindo o controle dos recursos restantes do planeta – terra, água, florestas, biodiversidade – tornou-se crucial para a sobrevivência do capitalismo e das corporações. Na Cimeira da Terra concluiu recentemente no Rio de Janeiro, Brasil, esta apropriação dos recursos foi institucionalizada sob o rótulo de “economia verde”.

Todos estes desenvolvimentos recentes e as novas realidades do mundo, que este encontro internacional ainda mais relevante. Os delegados de 26 países, da América Latina, África, Europa e Ásia, que incluem membros e líderes da Via Campesina, a Campanha Global pela Reforma Agrária e de outras organizações progressistas, outros líderes de movimentos sociais e acadêmicos, que todos se reúnem para repensar e desenvolver novas estratégias para a realização da reforma agrária no século 21, que deve basear-se nos pontos fortes de justiça social, tradições radicais das últimas reformas agrárias, aborda as fraquezas do passado e, mais importante deve ser baseada nos fundamentos da soberania alimentar e agroecologia .

Como o coordenador-geral da Via Campesina, Henry Saragih, afirmou na abertura da reunião, “A destruição de recursos e agarrando dos camponeses e dos pobres se intensificaram e se quisermos ter sucesso na defesa de nossa terra, território e nosso próprio futuro , nós precisamos nos unir e identificar claramente o tipo de Reforma Agrária estamos procurando ea estratégia para que alcançá-lo. “

Evento da União Internacional de Telecomunicações promove universalização da banda larga nas Américas

Evento da União Internacional de Telecomunicações promove universalização da banda larga nas Américas

Para promover a implementação da conectividade de banda larga na região, a União Internacional de Telecomunicações (UITabre as portas da Cúpula Conectar as Américas hoje (17). Participarão do encontro, que vai até a quinta-feira (19), Chefes de Estado e Governo, Ministros, Chefes-Executivos da indústria das tecnologias de informação e comunicação (TIC), funcionários das Nações Unidas, instituições financeiras, acadêmicos e a mídia.

Uma reunião ministerial finalizará hoje o rascunho do documento da Cúpula, enquanto um grupo de interessados de diversas áreas revisará os acordos de projetos e parcerias com base nas necessidades da região.

A proposta da Cúpula é mobilizar os recursos necessários para disseminação da infraestrutura de banda larga nas Américas, criando oportunidades de atrair um compromisso de investimentos em recursos humanos, financeiros e técnicos.

Mais informações, clique aqui e aqui.

Livro de fotos de Jim Morrison e The Doors chega ao Brasil

Livro de fotos de Jim Morrison e The Doors chega ao Brasil

“Jim Morrison e The Doors” é o título do livro de ilustrações do fotógrafo Henry Diltz, que acompanhou e registrou alguns momentos, no final dos anos 1960. A publicação já está à venda nas lojas brasileiras, em edição traduzida e lançada pela editora Madras.

O volume traz fotos de diversos momentos da banda e de seu vocalista, como a apresentação no Hollywood Bowl, a viagem para Venice Beach (1969), no Hard Rock Café, em Long Beach Arena (1970) e as famosas fotos para a capa de “Morrison Hotel”, tiradas em dezembro de 1969.

Além dos belos cliques, Diltz também comenta os momentos, conta brevemente a história de cada foto e revela como Jim era quieto, mas quando cantava, tinha o poder de silenciar o público, pois sua voz os hipnotizava.

O autor conta sobre como aconteceu a foto de “Morrison Hotel”: Ray Manzarek e sua esposa haviam visto a vitrine do hotel em Los Angeles e o fotógrafo já começou a ter ideias para o ensaio. No entanto, tirar as fotos não foi tarefa fácil.

“Jim Morrison e The Doors – Textos e fotos de Henry Diltz” é um belo registro fotográfico para fãs, curiosos e interessados em história da música. E para os fotógrafos, claro.

Diltz foi o fotógrafo oficial do Woodstock e ao longo dos anos clicou Crosby, Stills & Nash, Steppenwolf, Joni Mitchell e The Monkees.

A luta pela terra se faz no dia a dia

A luta pela terra se faz no dia a dia

Diferentemente do quadro nacional, onde a reforma agrária anda a passos de tartaruga, os trabalhadores e trabalhadoras rurais da região oeste do Pará comprovaram na prática que a insistência e a luta contra a concentração fundiária brasileira, buscando a redistribuição de terras, resultam em importantes avanços.

Hoje, cerca de 70% das terras do oeste paraense são destinadas a reforma agrária. Especificamente na região de Santarém, apesar da falta de apoio governamental, a organização e a luta permanente dos trabalhadores e trabalhadoras rurais têm consolidado ao longo do tempo assentamentos responsáveis pela mudança na vida da população local.

Estes assentamentos são divididos da seguinte maneira: quatro títulos individuais, sete coletivos e a reserva extrativista Tapajós-Arapiuns. A produção da agricultura familiar é voltada ao cultivo de frutas (cupuaçu, açaí, castanha), farinha de mandioca e criação de galinha.

De acordo com levantamento feito pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), o primeiro ano de mandato da presidenta Dilma obteve o pior desempenho em termos de assentamento de famílias se levado em consideração os números dos últimos 17 anos. Acrescenta-se a esta realidade, o fato do governo destinar a maior parte dos seus recursos ao agronegócio, cujo modelo é extremamente concentrador, sem produzir empregos e alimentos saudáveis.

“Queremos que o governo federal ratifique os títulos de concessão dos assentamentos em Santarém, porque hoje, apenas com os decretos, vivemos uma situação de instabilidade. Mas a rotatividade na direção da superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) dificulta ainda mais este processo e mostra que a questão da reforma agrária é hoje uma política secundária no governo Dilma”, lamenta Manoel Edivaldo, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém.

Raimundo de Lima Mesquita, atual presidente do Sindicato, afirma que apesar das conquistas, a população local ainda sofre com a ausência de políticas públicas como saúde, educação, infraestrutura. “Entendemos que com o crescimento da população, os próximos 10 anos serão marcados pelo acirramento da disputa pela terra, principalmente por conta das obras de infraestrutura que estão sendo realizadas na região que servem basicamente aos interesses dos latifundiários, como por exemplo, o corredor de exportação”, descreve.

Resultado da organização dos/as trabalhadores/as rurais, oeste do Pará tem cerca de 70% de suas terras destinadas à Reforma Agrária. Escrito por William Pedreira.

A ideologia por trás da Transparência Hacker

A ideologia por trás da Transparência Hacker

Pedro Markun, 26 anos, tem, como ele diz, uma certa “preguiça” em se definir. “Prefiro que as pessoas me definam pelas minhas práticas do que por aquilo que eu me denomino”, disse ele nesta entrevista à Democracia Viva.

Difícil é sintetizar as tantas práticas nas quais Pedro Markun se envolve. “Eu posso enumerar algumas e esquecer várias”, afirma. Algumas dessas atividades tornaram Markun conhecido e reconhecido nas áreas de transparência pública, dados abertos e hackativismo.

Em 2009, Pedro Markun foi um dos que clonou o Blog do Planalto, depois que a Presidência resolveu lançar a página sem espaço para comentários dos internautas. Ele reproduziu o site do Palácio em outra plataforma e nela inseriu a possibilidade de comentários. A iniciativa ganhou repercussão e chacoalhou a comunicação do governo.

No mesmo ano, Markun ajudou a organizar um hackday no Brasil, um encontro para construir aplicativos de dados abertos. A reunião gerou o coletivo Transparência Hacker, que interage numa lista de e-mails e se encontra regularmente para dias de trabalho hacker.

Com financiamento via crowdsourcing, eles foram além. Compraram um ônibus e passaram a viajar no Ônibus Hacker para diversos pontos do Brasil para realizar os hackdays.

Ônibus Hacker. Foto: Cúpula dos Povos na Rio+20/Flickr

O sucesso da Transparência Hacker tem a ver, para Pedro Markun, com a lógica “façocrática” do coletivo. “Quem faz manda, e as coisas acontecem. Essas relações se dão de uma maneira muito horizontal, muito orgânica. As pessoas que estão pilhadas são as que ditam o rumo das coisas. Para mudar, é muito fácil. Basta você começar a fazer outra coisa”, diz. É Markun mais uma vez valorizando as práticas.

Nesta entrevista, Pedro Markun fala das suas origens, da sua descrença na universidade, da importância da internet na sua formação, comenta sobre a rede hoje, opina sobre ativismo, movimentos e organizações sociais.

Boa parte da conversa com Markun foi pelo Skype. As fotos que ilustram esta matéria foram tiradas durante uma reunião entre a Esfera e o Ibase. A Esfera – Hacks Políticos e Dados Abertos tem Markun como um dos sócios e se define como um “think-and-do-tank”. Ela está trabalhando com o Ibase novas formas de processar e disponibilizar informações produzidas pela instituição que publica a Democracia Viva.

A seguir os principais trechos da entrevista de Pedro Markun:

Hacker
Hacker é o cara que entende tão profundamente de um assunto, seja ele qual for, que é capaz de subverter e transformar as práticas. Para pegar o exemplo do computador, ele é um cara que entende tão profundamente do computador que consegue fazer o que quiser. Eu não acho que sou um hacker no sentido de conhecer profundamente as tecnologias, as políticas, mas eu tenho uma curiosidade, uma vontade de conhecer os processos políticos, para ser capaz de transformá-los mais radicalmente. Não sou aquele cara que acha que existe uma diferença possível entre hacker e cracker [quem usa dos conhecimentos sobre computadores para fins criminosos, para o benefício próprio], ou hacker do bem e hacker do mal. Hacker é o cara que quer conhecer o sistema para poder transformá-lo, e ele pode transformar para o bem ou para o mal. No Brasil, já foi muito mais forte essa tendência de associar o hacker com criminoso e bandido.

Hackativismo

O que a gente tem percebido na prática é que é mais fácil você politizar o hacker do que pegar um cara de um movimento ou uma organização social e fazer esse cara entender que as tecnologias são uma ferramenta de transformação e que, portanto, esse cara deveria se apropriar dessas ferramentas. Eu tenho um pouco de preguiça de todas essas taxonomias. Se você achar que eu me enquadraria no conceito de ativista, então certamente eu sou na sua leitura. Acho que é uma construção do coletivo, muito mais do que uma construção individual. Eu não ligo muito. Prefiro que as pessoas me definam pelas minhas práticas do que por aquilo que eu me denomino.

Origens

Eu sou paulista e até os 12 anos eu morei em São Paulo. Aí, os meus pais decidiram criar os filhos com melhor qualidade de vida, e a gente mudou para Florianópolis. Cresci em Floripa, ligado com o mundo inteiro, nas madrugadas de conexão discada. Por isso, essa territorialidade tradicional é muito menos importante pra mim. Floripa é uma ilha nerd. As pessoas usam muito a internet lá, e isso com certeza me influenciou. Com 22 anos eu enchi o saco e fui para Porto Alegre. Fiquei em Porto Alegre até o meu pai [o jornalista Paulo Markun, ex-apresentador do programa Roda Viva] ser convidado para ser presidente da TV Cultura. Ele me ligou e disse: “Sabe o jornal colaborativo [a publicação on-line Jornal de Debates]? Ou você assume, ou vou passar para alguém”. Desde então estou sofrendo com as diversões dessa cidade.

Universidade

A minha experiência universitária foi muito triste e deprimente, porque a universidade brasileira é extremamente opressora da inovação. É uma briga constante contra a estrutura. Você está ali para absorver todo aquele acúmulo histórico. Tem uma escadinha linear onde você só será capaz de produzir o seu próprio pensamento depois de 12, 16 anos de estudo. Eu fiz a Federal de Santa Catarina. Perto do terceiro ano de História, achando que o problema era aquela universidade, e não o modelo, me mudei pra Federal do Rio Grande do Sul, mas nem comecei. Me matriculei na Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul), num curso novo, chamado Comunicação Digital. Achei que valia a pena tentar porque era um curso sem histórico, sem lastro. Fiz um ano e saí, por causa da mesma lógica vertical.

BarCamp

No meio dessa crise universitária eu vim pra São Paulo participar do BarCamp [evento colaborativo] São Paulo, e foi genial. Era 2007, havia 300 pessoas na Cásper Líbero [faculdade paulistana], decidindo em conjunto a grade de programação do evento. Tinha de professor doutor a aluno. Você levava a sua expertise e compartilhava de uma maneira horizontal. Aquele processo foi tão louco que ele catalisou coisas que estão aí hoje. Foi lá que eu conheci a Dani [Daniela Silva, parceira no Esfera e na Transparência Hacker], por exemplo, e foi por isso que muitos anos depois fomos fazer a Transparência Hacker, e foi por isso que estou aqui falando com vocês. A Casa de Cultura Digital [espaço em São Paulo compartilhado por organizações ligadas à cultura digital] nasce também de pessoas que se conheceram neste evento.

As redes de ontem…

Eu tenho a maior vontade de escrever a história social do IRC [sigla para Internet Relay Chat, ferramenta para bate-papo e troca de informações na rede], porque eu acho que ele foi fundamental para a internet brasileira. É um tipo de espaço que sumiu da internet, um espaço em que você entrava numa sala comum e lá havia pessoas que você não conhecia. É um negócio que sumiu desde que o ICQ e o MSN entraram na internet. O MSN é uma praga. Você só fala com quem você conhece, e isso é horrível para a diversidade do pensamento. O IRC, não. Você entrava num canal ou hashtag – e o Twitter se apropriou disso – e falava com gente do mundo inteiro, e tinham canais sensacionais, politizados pra caramba. O canal #lesbians era um dos mais politizados. O canal #filosofia da Brasnet era genial. Você vai ter uma retomada desse espaço público de discussão na internet quando o Twitter aparece e causa aquela balbúrdia, que eu acho linda. O Facebook de alguma maneira permite que as conversas extravasem horizontalmente. Você vê ali o compartilhamento do amigo do seu amigo, que não é seu amigo, e você é assim exposto ao diferente. Você fica vendo coisas com as quais você não concorda. Isso é extremamente salutar e importante.

…e as redes de hoje

Apesar de ter várias ressalvas e achar o (Mark) Zuckerberg (fundador do Facebook) um dos vilões da história – ele está detonando a internet –, eu acho que estamos retomando a esfera pública na ideia inicial dela. É um espaço onde as pessoas estão discutindo coisas do dia a dia quase que como numa ágora grega. Acho que a rede funciona dessa maneira, é por excelência um espaço de discussão pública, os blogs, a blogosfera, mas tem espaços que não jogam as coisas na sua cara. O Facebook joga as coisas na sua cara. Ele te obriga a ler. E eu acho que isso mostra que a grande plataforma de discussão política no Brasil é o Facebook. Pelo menos na minha timeline, onde se discute uma hora aborto, na outra direitos dos animais e em seguida educação básica.

Quem influencia quem?

Eu conheço bem menos do que deveria a trajetória do meu pai [o jornalista Paulo Markun] para que ela me influencie. O que me deixa feliz é o quanto meu pai se transforma num cara que entende e compreende o digital a partir da vivência comigo, com os meus amigos e projetos. O cara, no auge da carreira, que já fez tudo, decidiu que pode mudar. Ele decide ir para a Casa de Cultura Digital, porque é lá que estava o próximo desafio. Ele vai para lá trabalhar na minha sala. Ele queria alugar uma sala, e eu disse que não tinha sala. Salas são para grupos que transitam no digital. Agora, tem a minha sala e sempre vai ter um lugar pra você lá. Traz a sua equipe e vamos construir coisas juntos. Apesar de termos feito bastante coisa quando ele estava na TV Cultura, quando ele foi para a Casa fizemos muito mais. Acho que se tem alguma coisa que realmente me influencia e me inspira é essa capacidade que ele tem de se reinventar, de achar que não é porque é mais velho que está certo, não é porque viveu mais ou tem tantos anos de profissão que a profissão continua correta. Eu conheço poucos caras que são capazes disso. Continuam com aquele discurso mandraque: “ah, eu sou de outra geração”. A resposta pra isso é: “larga de preguiça”.

Transparência Hacker

Transparência Hacker surgiu de um evento que a gente fez na Casa de Cultura Digital, em outubro de 2009, o primeiro Transparência Hackday. É supercomum os desenvolvedores passarem a madrugada inteira escrevendo códigos, comendo pizza, tomando refrigerante, enfim, se divertindo. A gente importou esse tipo de evento, um evento mão-na-massa, para discutir transparência, política, construir aplicativos de dados abertos. Participaram 120 pessoas de várias partes do país. Começamos a fazer mais encontros, a lista ia crescendo, e começaram a surgir projetos que transcendiam os hackdays. Começamos a participar de palestras, muito motivados pelo W3C [consórcio internacional que desenvolve padrões para a web], incidimos na Lei de Acesso (a Informações Públicas). No meu caso, essa aproximação com a política tem a ver com a eleição do (Gilberto) Kassab (para a Prefeitura) em São Paulo (em 2008). Eu estava reclamando num boteco, e me dei conta de que estava reclamando sem ter feito nada. Não que eu tivesse um candidato melhor para apresentar, mas ficar reclamando era uma péssima opção. Em meio a isso, a Dani [Daniela Silva, parceira na Esfera e na Transparência Hacker] foi visitar o namorado dela no Canadá e participou do Transparência Camp em São Francisco (EUA). Ela voltou dizendo que precisávamos fazer algo parecido aqui. Foi quando desenhamos a história do Transparência Hackday.

Façocracia

A gente trabalha com uma lógica façocrática: quem faz manda. Ela não é meritocrática, não impõe que a pessoa que faz muito tenha mais poder na Transparência Hacker. Quem faz manda, e as coisas acontecem. Se não gostou, faz melhor. Essas relações se dão de uma maneira muito horizontal, muito orgânica. As pessoas que estão fazendo, estão pilhadas, são as que ditam o rumo das coisas. Para mudar de rumo é muito fácil. Basta você começar a fazer outra coisa. É difícil pra muita gente um envolvimento desse tipo. As pessoas ficam aguardando ordens, mas não existe infantaria e nem comandante, o que existe são processos e projetos. A Transparência Hacker é um movimento que se permite o dissenso. A quantidade de projetos que não vai para frente é grande, porque é voluntário, é horizontal, é aberto. Pra mim, não tem nenhum problema se um projeto começa e não termina. Eu acho que ele só vai começar e terminar quando houver gente motivada para isso. Quando tem algu ma tentativa de criar superestruturas na Transparência, eu sou o primeiro a me opor, mas sempre deixo em aberto. Se as pessoas decidirem que a gente vai ter um rei e elegerem um, assim elas farão, mas eu vou ficar desobedecendo.

Sustentabilidade

Eu acho que pensar em sustentabilidade de uma organização sem fins lucrativos é uma coisa absolutamente retardada. Não existe, é uma busca infeliz. A sustentabilidade dos projetos é uma coisa legal de se pensar para que as ações continuem acontecendo. A sustentabilidade da organização eu não acho que faça muito sentido. Enquanto você tiver projetos, você tem a sustentabilidade da organização. Ela existe porque você está fazendo coisas. O contrário é uma casca vazia. É muito louco isso de escrever a sua ideia no papel, para depois ir buscar dinheiro e depois, quem sabe, executar. Se o seu projeto depende exclusivamente de grana para existir, tem alguma coisa errada. Acho que o modelo mais sustentável de todos é quando todos nós nos engajamos e  participamos das coisas. “Mas como eu pago as minhas contas?”, alguém pergunta. “Trabalha!”, eu sempre falo. Não é que eu ache que ativista não tem que comer. Eu acho que não faz sentido criar um processo pesadíssimo para sustentar o ativismo. Se você acha que não tem tempo para ser ativista, não tem tempo pra trabalhar nos projetos em que acredita, ou, pior ainda, não acredita no projeto em que você trabalha, você está no lugar errado. A gente (da Transparência Hacker) sempre faz essa análise: “Se não houvesse grana, eu trabalharia nisso aqui?”. Sim. Talvez eu trabalhasse menos, porque parte do meu tempo seria dedicado a fazer outra coisa para pagar as minhas contas. É muito legal quando a gente consegue conciliar as duas coisas. Temos que construir projetos a partir da prática e não a partir do projeto. A lógica vai se tornando tão invertida que as pessoas começam a só desenhar projetos que sejam financiáveis.

Ônibus hacker

Nós compramos o ônibus [via crowdfunding] com o único objetivo de encontrar as pessoas, sair de São Paulo, porque lá nós já nos encontramos com  facilidade. Acho que é esse o seu papel: trazer as pessoas para perto, construir laços mais profundos. Esse é o princípio do ônibus, dos hackdays, das bebedeiras, do chope, do churrasco, de se divertir. Esse é um movimento voluntário, baseado no tesão das pessoas. A Transparência Hacker são pessoas que acreditam na mesma coisa ou que minimamente têm muito respeito mútuo. O dissenso pode acontecer porque temos vínculos afetivos, construídos a partir de coisas coletivas, por isso o ônibus é de todo mundo, é um filho que a gente cria junto. Acontecem perrengues, o ônibus quebra, mas tudo vira narrativa, aventura, parte do processo. Sobre a sustentabilidade, eu garanto que ela não vai mais desaparecer. Ele pode pegar fogo amanhã. No outro dia, se a galera quiser, teremos outro ônibus. Não sei como conseguiremos, mas vai acontecer. Há pessoas discutindo sobre como fazer um projeto do ônibus para a Oi Futuro. Estou fora. Para mim, uma das coisas mais legais e lindas do ônibus hacker é que ele não precisa da Oi Futuro para existir.

Occupy e indignados

Acho muito legal. Acho que as pessoas ficam querendo replicar artificialmente isso, e eu acho bobo. Mas acho sensacional o movimento dos indignados, a Primavera Árabe,Occupy Wall Street. Também acho sensacional o churrascão de gente diferenciada, a Marcha da Maconha, o churrasco da cracolândia. Todas as manifestações onde protagonismos individuais aparecem em prol de coisas coletivas são muito legais. Movimentos que não têm lideranças claras ou cadeias hierárquicas. Prefiro apreciar e aprender a partir das práticas desses movimentos do que tentar copiá-los ou tentar descobrir como aconteceu para fazer igual. No Fórum Social Temático [realizado neste ano em Porto Alegre (RS)], havia uma mesa que eu achei uma roubada. Sempre que chamam uma pessoa dos indignados para representar o movimento criam uma figura representativa para um movimento que não é representativo. Isso é um pouco estranho. Gosto doOcupa São Paulo, do Ocupa Rio, só não acho legal a ponto de ir. Acho legal que tenha gente que se importe tanto a ponto de ocupar a Cinelândia. Mas, ao mesmo tempo, para mim é bastante óbvio que não tivemos um Occupy. Quando tiver que ser será. Sei que isso pode soar um pouco meta ou um pouco hippie, mas é o que eu acho. São coisas baseadas na ação, e não em reuniões somente. É uma questão de deixar emergir.

A verdade da rua

O papel do estado

Esses dias entrei em uma polêmica danada, com um colunista político conservador, ‘’tá’’ ligado meu, mas deixa isso pra lá, o assunto não é bem esse, ainda não esse, está verde e vou amadurecê-lo mais tarde. É que vendo o noticiário, fiquei bronqueado com a explosão de violência na minha cidade.

Uns ítalo-brasileiros, ligados ao mundo da droga, decidiram vingar um dos seus, resultado? A cidade vive um clima de Chicago e Detroit dos anos 20 e 30. Fala sério! Até quando…

Ver mais vamos ser passivos esse massacre diário? Ai fiquei pensando o que coloca uma arma na mão de um Zé Mané desses? Um Zé Mané que dispara contra o filho ou filha de alguém. Dinheiro fácil? Adrenalina? Não sei! Ai… lembrei de uma cena, também na televisão, uma tiazinha já meio idosa chorando, seu neto saiu para brincar no campinho de ‘’football’’, mantido pelo poder público municipal, o moleque acabou atingido na cabeça pela trave, cheia de ferrugem, acabou morrendo de traumatismo craniano.

O poder público abandonou esse ‘’aparelho’’ recreativo localizada, na dita zona periférica da cidade, ou como queiram, na favela. Digo isso não para justificar o massacre que bandidos promovem na minha cidade, massacre patrocinado pelo pó e pedras. E sim como o poder público atual vê a periferia, ou melhor, a favela. Que outra polêmica com outro conservador, que atualmente detêm um alto cargo público, disse nas redes sociais que abrir as escolas nos fins-de-semana é uma puta de uma roubada. Porque o povo esfomeado da periferia, ou melhor, da favela, vai só para comer e acaba quebrando tudo.

Talvez isso explique o motivo dessa tal explosão de violência e abandono que as zonas periféricas, ou melhor, as favelas vêm ocorrendo na atualidade. E retomando o raciocínio do começo desse texto, a pequena escaramuça ‘’inútil’’ que travei essa semana, com esse tal colunista político conservador e de direita, sim ainda existe direita e esquerda desse mundo.

O carinha também detêm um alto cargo no governo, com um alto salário e regalias, me passou um baita sabão, me deu de dedo e só faltou de chamar de excomungado. Segundo essa coisa mais querida, por eu ser afro-descendente, e com o agravante de ser morador de uma zona periférica, ou melhor, a favela, eu não me poderia possar em uma situação de vítima da sociedade. Eu deveria ir à luta, e não pensar que pelo fato de viver na pós-escravidão, deveria ir à luta e não cobrar favores do poder público. Que nós minorias de poder na atualidade estamos abusando das benesses do Estado.

Em suma, se quero ter lazer, educação e cultura que fosse ao mercado liberal ou neoliberal e com o suor do meu trampo, conquistar essas coisas com o meu trabalho. E que não é papel do Estado ser mão de alguém. Pensei no alto salário que o poder público para essa figura conservador detentora de um cargo comissionado, não concursado. E como estar sobre as benesses do Estado, ou melhor, do poder público, dever muito, muito e muito bom. Pois prega uma coisa e fazer outra bem diferente no meu dicionário se chama de demagogia.

Talvez o fato da cidade estiver, com suas zonas periféricas, ou melhor, as favelas, abandonadas com tanta gente assim no poder público pensando dessa forma e ganhado altos salário em cargos de confiança, não concursados. E que estamos em pleno período pré-eleitoral o poder público municipal está asfaltando as zonas periféricas, ou melhor, as favelas, com asfalto vagabundo e reformando algumas pracinhas.

A verdade ‘’o maluco’’ é que a minha cidade é assim: fica meia dúzia em um tal de senadinho, uma lanchonete, ali no centro da cidade, aonde alguns donos da verdade ficam ditando a política da cidade, alguns deles detentores de cargos comissionados, não concursados. No tal do senadinho elegem e reelegem e condenam ao ostracismo os políticos da cidade, ao sabor de petiscos, bebidas alcoólicas, muita soberba e arrogância. Condenam e absolvem pessoas e instituições.

Apontam erros e acertos, falhas e virtudes. Loucos? Vai saber o maluco, cada um na sua verdade, e cada qual com sua cruz. Se ‘’neguinho pira’’ eu não tenho culpa. Só que nesse ano, de eleição, lembro que o mote de um candidato para o cargo maior da cidade, era que a cidade iria voltar a sorrir. Daí volto a outro noticiário, um tal Centro de Internamento Provisório para menores infratores, da cidade está em ruínas. E enfrentou fugas diárias e atualmente está sendo reformado, vai ser reformado, vai virar um baita modelo de presídio para menores. Novidades? Nenhuma!

Qual a solução dos velhos do senadinho? Digo velho em pensamento não em idade. Pelo menos é que dizem as bocas pequenas e irrequietas. Uma guarda municipal armada, a solução nego velho, é tirar dinheiro, que é pouco, da educação, saúde, moradia popular e afins, para fazer uma força repressiva, uma polícia municipal arma. Uma Gestapo, ou KGB dependendo da visão política de cada um, para por no coreto em ordem.

Tenho pena da minha cidade e o rumo que ela está tomando. Quero sim voltar a sorrir, mas com espaços de lazer, cultura e esporte para não mais ver noticiários com quadrilhas se matando em trave enferrujada matando crianças inocentes.

Artigo de Samuel da Costa, morador de uma zona periférica, ou melhor, a favela.

A Olimpíada das redes sociais

redes sociais das olimpiadas londres 2012

Os Jogos Olímpicos de Londres, que começam oficialmente nesta sexta-feira, dia 27, serão os primeiros na era das redes sociais. Nos jogos de Pequim, em 2008, o Twitter ainda engatinhava e o Facebook não tinha o apelo que possui hoje. Por conta disso, a revista Bites lançou uma edição especial mostrando como Londres estará coberta pelas redes sociais. Leitura recomendada para quem quer estudar e entender o impacto que sites como Twitter e Facebook podem causar num evento do porte de uma Olimpíada.