Você sabe qual o montante a que um senador da República tem direito para gastar com passagens áreas, segurança privada, entre outros serviços particulares? Esse valor varia de acordo com o Estado do senador e trata-se de uma verba além do salário.
Conheça, nas próximas fotos, as cotas parlamentares (também chamadas de “cotão”), que representam a soma da VTA (Verba de Transporte Aéreo) e a VI (Verba Indenizatória). Os dados foram retirados do site do Senado www.senado.gov.br.
Os senadores do Piauí têm uma cota parlamentar total de R$ 38,8 mil por mês para as despesas extras — R$ 23,8 mil para passagens áereas e R$ 15 mil de verba indenizatória, que é usada para contratar assessorias, consultorias e bancar gastos com comida, gasolina e telefonia, por exemplo.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), por exemplo, que ficou famoso neste ano, quando um vídeo íntimo da sua então assessora, Denise Leitão Rocha, vazou na internet, tem direito a essa grana extra. Nogueira é um dos mais “gastões”.
De janeiro a setembro deste ano, ele usou quase R$ 314 mil da cota parlamentar com passagens áreas, refeições e hotelaria, entre outros. Vale lembrar que tudo está dentro da lei, já que o “cotão” total para esses nove meses a que o senador tem direito soma quase R$ 350 mil.
O ex-presidente da República e agora senador Fernando Collor (PTB-AL) gastou de janeiro a setembro deste ano aproximadamente R$ 293 mil. O valor ficou perto do total da sua cota parlamentar para o período, de R$ 315 mil, ou R$ 35 mil por mês. A maior parte dos gastos se concentrou em locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis. Todo mês, o senador gasta quase R$ 16 mil com segurança privada.
Presidente da CPI da Cachoeira, Vital do Rêgo (PMDB-PB) se elegeu senador em 2010. Assim como os demais senadores citados até agora, boa parte da cota parlamentar de Vital foi para pagar passagens aéreas, transporte e restaurantes. Em agosto, por exemplo, uma refeição do senador em uma churrascaria ficou em R$ 500. Entre janeiro e setembro deste ano, Vital gastou quase R$ 271 mil, mas ainda restou uma “gordurinha”, já que a cota parlamentar do senador é de R$ 319 mil. Por mês, Vital tem direito a R$ 35,5 mil para gastos como esses.
Outro parlamentar que aproveita a cota parlamentar a que tem direito é Jorge Viana (PT-AC), que tem direito a R$ 38,8 mil mensais. Do começo do ano até setembro, o senador gastou cerca de R$ 222 mil, enquanto a soma de sua cota parlamentar é de R$ 292 mil para os nove primeiros meses do ano. Só para transporte aéreo, que contabiliza cinco viagens de ida e volta de Brasília à capital do Estado, Rio Branco, ele tem direito a quase R$ 24 mil mês.
Marta Suplicy, ex-senadora e atual ministra da Cultura, ficou no Senado Federal até o dia 11 de setembro, quando assumiu o Ministério. Como representava São Paulo, o “cotão” de Marta era de R$ 30,2 mil por mês. Entre janeiro e 11 de setembro, Marta gastou R$ 175 mil da sua cota parlamentar, que era de aproximadamente R$ 272 mil para esse período. Isso quer dizer que a atual ministra gastou R$ 97 mil a menos do que tinha direito até sua saída. No relatório dos gastos de Marta no Senado, além das passagens aéreas, se destacam as despesas com tarifas de estacionamento e combustível.
Aécio Neves (PSDB-MG) tem direito a uma cota parlamentar de R$ 28,5 mil todos os meses. Entre janeiro e setembro, a cota a que tem direito soma quase R$ 256 mil, mas o senador gastou bem menos: cerca de R$ 173 mil. A maior parte do dinheiro foi investido na compra de passagens aéreas, condomínio de escritório, telefonia celular, hotéis, entre outros serviços.
Conhecido no agronegócio brasileiro e mundial como um dos maiores plantadores de soja do planeta, Blairo Maggi (PR-MT) se elegeu para o Senado em 2010. A cota parlamentar para senadores que moram no Mato Grosso é de quase R$ 35 mil. Entre janeiro e setembro, portanto, Maggi teria direito a quase R$ 315 mil, mas, nesse período, ele gastou aproximadamente R$ 133 mil do que tinha direito.
Um dos representantes de São Paulo no Senado, Eduardo Suplicy é o primeiro senador eleito da história do PT (Partido dos Trabalhadores). Em 2006, conquistou a maior votação da história, com quase 9 milhões de votos. Suplicy tem direito à mesma cota parlamentar a que Marta, sua ex-mulher, tinha direito quando era senador: R$ 30,2 mil.
Suplicy gastou até o momento cerca de R$ 103 mil, mas tinha direito a um total de quase R$ 272 mil. Isso quer dizer que ele gastou menos da metade do que podia. A maior parte das despesas de Suplicy foi empregada em passagens áreas e hotéis. Conheça a trajetória de Dirceu. Em 2009, a cota parlamentar deu dor de cabeça para Eduardo Suplicy (PT-SP). Naquele ano, ele usou parte da sua cota para pagar passagens aéreas dentro do Brasil para a namorada. No entanto, Suplicy devolveu R$ 5.521 referentes aos gastos.
Cassado em julho por quebra de decoro parlamentar e inelegível até 2027, o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tinha direito a uma cota parlamentar de R$ 21 mil por mês. Entre janeiro e julho, quando deixou a Casa, Demóstenes usou R$ 96 mil da cota parlamentar, dos R$ 147 mil a que tinha direito.
Zezé Perrela (PDT-MG) deixou a presidência do Cruzeiro em 2010 para assumir a vaga de senador. Desde então, Zezé tem direito a uma cota parlamentar de R$ 28,5 mil por mês — assim como Aécio Neves. Entre janeiro e setembro, portanto, o “cotão” do ex-comandante do Cruzeiro para pagar passagens aéreas, alimentação, serviços em geral, entre outros, soma R$ 256,5 mil, embora não tenha chegado nem perto disso.
A cota parlamentar varia de acordo com o Estado do senador. Os parlamentares do Amazonas têm direito à maior cota extra mensal, de R$ 44,2 mil. O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) é um dos senadores que têm direito a essa grana. Em julho de 2011, após deixar o cargo por causa de denúncias sobre um suposto esquema de superfaturamento de obras pelo ministério, Nascimento voltou ao Congresso. Apesar das denúncias, ele não é dos mais “gastões”. Em agosto, ele usou quase R$ 16 mil da cota parlamentar, a maior parte com passagens aéreas.
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